Campanha “Em’Canto Infantil: Música e Sonhos” busca atingir meta em financiamento coletivo para ampliar atividades do projeto que já existe desde 2016 e oferecer às crianças a oportunidade de resignificar suas histórias
Crianças vítimas de violência, abuso, abandono e risco social. Esse é o perfil das crianças que integram o projeto musical "Em'Canto Infantil". Contudo, mesmo com toda dor e sofrimento a arte encontra seu lugar como fonte de superação. São nos versos de cada canção criada por elas que um novo olhar para vida vai nascendo. Crianças e adolescentes, debruçados em versos e notas, prontos para escrever uma nova história.
Para isso, lançou a campanha de financiamento coletivo “Em’Canto Infantil: Música e Sonhos” pelo site Kickante. A meta é alcançar R$ 47 mil pelos próximos 40 dias. O valor arrecadado impulsionará o projeto dando condições do mesmo ser auto sustentável ampliando o atendimento e o levando a outras instituições; dando capacidade de contratar profissionais qualificados em música; oportunidade para compra de instrumentos e o maior objetivo de todos: a gravação de um CD do grupo.
Desenvolvido pelo educador social Juliano de Paula Silva, o projeto atende crianças e adolescentes entre 04 e 15 anos acolhidos em um SAICA (Serviço de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes) na Zona Leste de São Paulo.
As crianças recebem aula de canto e expressão corporal, aprendem a tocar instrumentos variados e tem aulas teóricas de música, história, arte e filosofia. O grande diferencial do grupo são as composições próprias e o uso de materiais recicláveis para produzir os instrumentos musicais, confeccionados por elas mesmas. Para interpretar as canções, as crianças fazem uso de adereços e fantasias, já que não podem ser expostas publicamente.
O projeto busca inserir as crianças dentro de um contexto que favoreça o desenvolvimento social e cognitivo, trabalhando a música de forma terapêutica e lúdica. “A música por si só é inclusiva e capaz de oferecer às crianças o sentimento de pertencimento social, colaborando na superação de suas próprias histórias”, conta o educador.
Vale ressaltar, inclusive, que o grande objetivo do projeto “Em’Canto Infantil” não é a formação de músicos e artistas profissionais, pois dessa forma levaria invariavelmente à exclusão os que não atingirem as habilidades necessárias. A preocupação está no desenvolvimento psíquico, emocional, social e educacional dos indivíduos, especialmente porque ao completarem 18 anos essas crianças são automaticamente “desacolhidas” tornando-se a rua, na maioria dos casos, seu novo lar. Com isso, as drogas e a prostituição se tornam alvos fáceis para atingi-los.
Vamos embarcar nesse projeto junto com a gente e transformar essa realidade? Para contribuir com a campanha basta acessar o link https://www.kickante.com.
Caso tenha alguma dúvida ou desejar entrar em contato conosco envie um e-mail para emcantoinfantil@gmail.com
Vulnerabilidade infantil em números
Em 2015, o Disque-Denúncia Nacional da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) registrou mais de 91 mil denúncias de violações de direitos de crianças e adolescentes. Esse número não representa, necessariamente, o tamanho do problema, mas traz uma dimensão de como está fortemente inserido na sociedade. Negligência e violência psicológica estão entre as principais denúncias, com 73% e 50%, respectivamente. Em seguida, estão violência física (43%) e violência sexual (26%).
As meninas são as maiores vítimas, com 54% dos casos denunciados. A faixa etária mais atingida é a de 4 a 11 anos, com 40%. Meninas e meninos negros/pardos somam 57,5% dos atingidos. O grupo familiar é onde ocorre a maior parte das violências (65%) e o estado de São Paulo lidera o ranking de denúncias com 19% dos casos, seguido pelo Rio de Janeiro (11%) e Bahia (8%).
Perfil das Crianças acolhidas
Após a denúncia, o caso é investigado e sendo confirmado, a criança / adolescente é acolhida. De acordo com o Levantamento Nacional de Abrigos para Crianças e Adolescentes da rede SAC, existem cerca de 589 instituições nas regiões brasileiras e 20 mil crianças e adolescentes vivendo nos abrigos encontrados em todo o país.
Praticamente metade dos acolhimentos se localizam na região Sudeste, que concentra 49,1% dos abrigos e 45% dos abrigados. Por sua vez, o estado de São Paulo é responsável por 1/3 das crianças e adolescentes abrigados. Desses, 58% são meninos e 63,6% são afrodescendentes. A grande maioria (76,5%) tem mais de dez anos de idade. Os motivos para o acolhimento são abandono (18%), violência doméstica (11,7%), 11,4% (dependência química dos pais ou responsáveis), situação de rua (7%) e órfãos (5%).
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