Muita gente ao redor do globo ainda se confunde com dois termos básicos da indústria cinematográfica, reboots e remakes geram verdadeiras guerras em fórums de discussão sobre aquele novo filme “tal” que mudou as características do personagem predileto da infância do José ou aquele “outro” que mostrou a Maria mas não mostrou a Joana, pois meu caro leitor, lhe adianto neste primeiro parágrafo… Se você acha errado ver o Robocop de preto e que o filme está arruinado… Você está completamente enganado.
Você é um dos ofendidos com o novo look do policial mais moderno da década de 80? Já parou para pensar que já fazem quase 30 anos que Rob Bottin criou a armadura usada por Alex Murphy para proteger a cidade de Detroit de bandidos e lutar contra robôs animados com stop motion… Pois é, os tempos mudaram, para quem era o que conhecemos hoje como pré-adolescente (criança) na década de 80, poderia ser quase que possível ver um robô prateado com movimentos quase que quadrados caminhar atrás de bandidos “punk” no tão distante e ultra futurista ano de 2015. .
Mas 2015 já está virando a esquina meu caro leitor, e por mais que a excelência de Robocop seja eterna, ele já cumpriu seu papel na nossa geração, já nos fez imaginar tudo que podíamos, e já nos fez perceber que não… Não haverão robôs policiais em 2015, e muito menos skates voadores como em Back to the Future.
Deixe um pouco seu preconceito de lado com respeito a mudanças. Não é só porque deu certo naquela época que vai dar certo novamente usando aquela mesma fórmula, se você realmente quiser ver um Robocop nas telonas novamente ou qualquer outro título que possa ter arrepiado cada fio de cabelo da sua cabeça 30 anos atrás, prepare-se para ser surpreendido por mudanças, e é exatamente isso que o termo reboot representa nos cinemas, mudar, renovar, recomeçar ou ainda readaptar. O único elemento que deve ser reaproveitado dentro de um reboot é a história original, afinal de contas é ela a responsável pelo sucesso ou fracasso de qualquer filme. Qualquer coisa ligada a aparência é secundária ao readaptar um título aos tempos modernos, a percepção do próprio autor da obra é outra, como exemplo podemos usar o filme Prometheus, por mais que não seja oficialmente a história da origem dos Aliens de 1979, Ridley Scott reimaginou aquele Alien que estamos acostumados, o deixando até mesmo mais assustador do que o original.
Quando uma pessoa vive em um mundo aonde tudo é quadrado, em uma época aonde o poder de processamento de um super computador da NASA é o inferior ao de um Smartphone de hoje em dia, é natural imaginar que seria até mesmo possível ver robôs indo e vindo na ruas 30 anos no futuro, e é mais fácil ainda passar este sentimento para quem está assistindo ao filme, fazendo que a pessoa – por um breve momento – até mesmo deseje que realmente em 30 anos seja possível cursar com um Robocop enquanto da umas bandas em seu skate flutuante.
É por isso que reboots são necessários, eles dão uma nova vida a algo que para os nossos olhos é ultrapassado, a história que nos chamou atenção durante todos estes anos permanecerá lá, com suas devidas proporções. Os clássicos hoje em dia são deixados de lado pelos jovens por simplesmente não serem apetitosos para os olhos, afinal de contas, hoje tudo é muito mais colorido e realista com seus Full HD ou 3D. Por mais que meu primo de 13 anos adore folhar os quadrinhos do Batman, se eu colocar o filme de Tim Burton para ele assistir ele provavelmente nunca mais vá me olhar na cara, e por mais que ele adore Alien vs Predator, se eu for mostrar para ele o filme Alien de 1979 ele não irá suportar os 30 primeiros minutos do filme, porque para os olhos dele, Alien não passa de um filme tosco, sem efeitos especiais multi milionários.
Para nós, estes filmes fizeram parte de uma infância ou adolescência regada por boas idéias em uma época muito mais ingênua, aonde a realidade era facilmente ocultada por nossos pais e substituída por verdadeiros adubos para nossa imaginação, naquela época as pessoas não lotavam salas de cinema só pelo fato do filme ter custado centenas de milhões de dólares, mas sim porque as histórias contadas por eles eram realmente boas, e quem nos dizia isso eram nossos vizinhos, não um site na internet. Os cineastas não pegavam a história de Pocahontas, pintavam os personagens de azul, os jogavam algumas centenas de anos no futuro, regavam com algumas centenas de milhões de dólares e mudavam o nome para Avatar, eles realmente criavam obras que hoje ainda nos fazem sentir o gosto daquela pipoca que comemos a 20 ou 30 anos atrás assistindo aqueles filmes.
E é exatamente por isso que nos exaltamos, ficamos realmente – com o perdão da palavra – PUTOS, quando alguém aparece para corromper aqueles filmes que habitam nossas imaginações até os dias de hoje, nos cegando para o verdadeiro objetivo destas mudanças. Nosso bonde já pessou pessoal, a vez dos nossos filhos e afilhados desfrutarem destes mesmo sentimento, a imaturidade não os permite apreciar os originais, poucas são as crianças e adolescentes que tem paciência para dar pause em seu Avatar, The Amazing Spider-Man ou ainda Bob Esponja para apreciarem filmes que não representam em absolutamente nada a realidade em que eles vivem.
A culpa não é só das crianças, nós mesmos acabamos ignorando estes filmes e os substituímos por meia hora de Angry Birds caso a criança coma toda a ervilha no jantar. O vídeo acima é um ótimo exemplo do que os clássicos tem capacidade de fazer, uma narrativa envolvente provoca a imaginação de qualquer um, mas isso é um caso raro meus caros, este vídeo não tem 3.500.000 visualizações no Youtube por que é engraçadinho, ele é visualizado porque simplesmente não vemos reações como estas mais, e quando presenciamos tal reação vira motivo para gravarmos com uma empolgação semelhante aos primeiros passos ou primeiras palavras de uma criança.
Honestamente, fico contente em ver filmes clássicos como Robocop voltando aos cinemas, talvez com isso o interesse para os originais substitua um pouco os Restart e os Bob Esponja, eu não tenho filhos, mas com certeza seria prazeroso leva-lo ao cinema para assistir o novo Robocop, para então em seguida soltar a bomba que existem outros três filmes e uma série de TV com o mesmo personagem, talvez ele faça a mesma cara do moleque do vídeo, quem sabe ele ignore o fato do filme ser antigo e sem os brilhos e explosões que ele assistiu no cinema.
O pessoal parece esquecer que o Robocop da década de 80 não vai a lugar algum, ele continuará lá, seja no seu VHS, DVD ou mais provavelmente no HD de seu computador, o reboot apenas servirá como uma homenagem com a função de reapresentar o herói para as próximas gerações, fazendo com que deixe de ser apenas um robô lutando contra o stop-motion, e talvez assim ele seja visto como que realmente é, um clássico, habitando novamente a imaginação de nossos rebentos.
Dork
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