O século XIX foi decisivo para a história dos Estados Unidos e do mundo. Em 1886 foi erigida a Estátua da Liberdade em Nova York, uma cortesia da França aos americanos por uma vitória contra a Inglaterra no passado.
Em Atlanta, o assunto não tinha a ver com guerras ou monumentos, mas com o nascimento de um outro pilar da cultura americana, a Cola-Cola Company.
Confira os segredos e pormenores dessa história abaixo.
As primeiras propagandas do remédio que viria
a se tornar o refrigerante mais vendido do mundo.
Remédio ou refrigerante?
O farmacêutico John Pemberton resolveu testar uma fórmula nova para problemas de memória. Misturou água gaseificada, folhas de coca, muita cafeína e extrato de noz de cola. Pronto. Estava plantada a semente da marca mais valiosa do mundo inteiro. Para testar o produto, levou-o àJacob’s Pharmacy para ser comercializado. Frank Robinson, o contador, foi quem batizou a bebida com o nome de Coca-Cola e assinou o logotipo mais famoso do mundo, que se conservou imutável ao longo de 126 anos.
Naquele tempo, vendia-se nove copos por dia, ao preço de 5 cents cada.
Como a procura não era grande, o farmacêutico apelou para o marketing: aparições da Coca-Cola no Jornal de Atlanta e em calendários americanos tornaram-se constantes.
Propaganda da Coca-Cola nos jornais,
pela bagatela de 5 cents por copo.
Novo dono e propagandas
A trajetória de Pemberton foi cortada pelo destino. Dois anos após ter criado o produto, ele morreu e quem comprou os direitos de fabricação da Coca foi Asa G. Candler, um investidor de Atlanta.
Candler foi o primeiro presidente da Coca-Cola e começou a dar ares de empreendedorismo para a marca.
Candler transformou a invenção em produção.
A campanha de marketing foi massiva, pagando pessoas para se fantasiarem com as cores da empresa, usarem relógios e distribuírem cupons para degustação grátis do novo refrigerante. A publicidade funcionou e em 1895 todos os estados americanos já consumiam o ex-remédio que tornara-se guloseima.
Influenciando os competidores
Os cupons que permitiam um copo grátis de Coca.
Todos queriam criar "a nova Coca-Cola". Foi nessa conjuntura que a empresa começou a se proteger das cópias. Propagandas como “Exija a original” e “Não aceite substitutas” foram marcantes e decisivas para os rumos da empresa.
Internacionalização e nova presidência
Já no século XX, a Coca-Cola foi para Canadá, Porto Rico e França. O sucesso durou até 1919, quando algo preponderante aconteceu na história da Coca-Cola: Robert Woodruf assume a presidência da empresa.
Ele levou a Coca-Cola para as Olimpíadas de 1920, em Antuérpia, na Bélgica, aumentando ainda mais a força da marca. O novo presidente também inovou com a criação de engradados com 6 garrafas, revolucionando o modo de tomar e distribuir refrigerante no mundo.
Na década de 1930, ela passou a ser vendida na África do Sul, Áustria e Austrália. Não foi só para a Coca que os anos 1930 foram importantes. Nessa mesma conjuntura, inicia-se a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Entre sangue e balas, surge nos soldados a vontade de se deliciar com uma Coca-Cola, seja no cálido deserto ou nas montanhas geladas.
Muitos americanos estavam fora de casa e queriam beber o refrigerante mais famoso dos EUA, o que ampliou o alcance da indústria ainda mais.
De capa de revista famosa à guerra
Woodruff então ordenou: “todo soldado deve ter uma garrafa de Coca-Cola por 5 cents, não importa onde ele estiver e nem quanto isso custe".
Esse foi o pontapé inicial de uma expansão mundial sem precedentes.
O resultado?
Mais de 5 bilhões de garrafas vendidas.
A guerra foi fundamental para a Coca-Cola ter se estabelecido como produto global. O refrigerante tornou-se tão importante que foi oprimeiro produto do mundo a aparecer na capa da tradicional revistaTime, no ano de 1950.
Ainda nessa década, os patrocínios começaram a ultrapassar a casa dos 30 milhões de dólares. As propagandas não paravam e a Coca começou a ser embalada tal como hoje podemos encontrá-la: em garrafas de vidro contendo 1 litro.
Com o correr dos anos, a Coca-Cola fixava-se na mente das pessoas. Por meio de propagandas “agressivas” e cativantes, a empresa arregimentou um público fidelíssimo que passou a se deliciar com o refrigerante nas mais variadas situações: boliche, piquenique, aniversários, casamentos, jogos, festas, etc.
Para se ter uma noção da importância da Coca-Cola no mundo, eis um fato: em 1978, ela foi escolhida como a primeira e única empresa que poderia vender refrigerantes na República Popular da China, um país totalmente fechado e contra o capitalismo (em tese).
Fim da era Woodruff e inovações
Nos anos 1980, Woodruff sai da presidência. Quem assume a empresa é Roberto Goizueta, um homem que fugiu do regime socialista cubano de Fidel Castro em direção aos EUA.
Com ele, a empresa definitivamente mostrou que viera para ser diferente.
Em 1982, nascia a Coca-Cola Diet.
Em 1984, iniciam-se ações filantrópicas da Coca-Cola.
Em 1985 a Coca-Cola torna-se o primeiro refrigerante a ir para o espaço.
Em 1986, ela completa 100 anos de existência com um lucro até então sem precedentes na história da empresa, sempre crescendo.
Em 1989, em plena União Soviética, a empresa de Atlanta recebe permissão para ser a primeira marca a ser comercializada na Pushkin Square, uma das mais famosas praças de Moscow e um dos locais mais importantes do regime stalinista.
O caso fez a empresa ser capa, de novo,
da TIME. Dessa vez, no entanto,
a matéria não era positiva.
Um fracasso retumbante...
Ao tentar inovar, a Coca-Cola esqueceu-se da tradição. Em 1985, após grande números de pesquisas e acúmulo de dados, a empresa lança a New Coke, com uma fórmula diferente da original.
O problema é que a New Coke não foi um produto a mais, mas uma substituição.
Após pouco mais de três meses e protestos dos consumidores, a empresa resolveu voltar atrás e relançar a Coca como ela era.
A propaganda utilizada foi Cola-Cola Classic.
O presidente da época assumiu o erro afirmando que “mudar a Coca-Cola é como se Deus mudasse a grama para a cor roxa” e pediu desculpas aos consumidores.
Leia mais sobre o caso da New Coke no site da revista Exame
Anos 1990 e as aquisições
Essa década trouxe ainda mais sucesso para a marca. A empresa começou a patrocinar fortemente os esportes. Associou-se com a NBA, Copa do Mundo de Futebol e de Rugby e se tornou a bebida oficial da NASCAR, uma das mais famosas modalidades esportivas americanas.
Essa década foi de novas compras para a empresa. A Coca adquiriu a Powerade e a Schweppes, entre outras.
E pela primeira vez na história, surge um refrigerante acondicionado em uma embalagem reciclável, outra inovação.
Nem o Bom Velhinho escapou das influências da Coca.
Entre tantas mudanças, com 126 anos de história de sucesso, a Coca hoje conta mais de 135 mil empregados, possui mais de 3.500 tipos de bebidas diferentes ao redor do mundo e seus produtos são vendidos em mais de 200 países.
A Coca-Cola é, desde 1988, a empresa mais valiosa do mundo.
Ela vende, atualmente, mais de 1,7 bilhão de unidades diariamente.
Por segundo, isso significa 19.400 unidades.
Mitos e Curiosidades
O Papai Noel, tal como ele é hoje, foi “criado” pela Coca-Cola em 1931. Antes, ele era um senhor nada amistoso e por vezes até assustador. A Coca-Cola passou a fazer propagandas com ele, e foi a imagem do “bom velhinho” de roupa vermelha e branca que se afixou nas mentes mundiais até hoje.
Cuba, Birmânia e Coréia do Norte são os únicos países que não comercializam a Coca-Cola.
O Brasil é o terceiro maior consumidor do refrigerante, atrás apenas de Estados Unidos e México.
A Coca-Cola é a patrocinadora oficial o programa de TV mais assistido dos EUA, o American Idol.
A empresa é a patrocinadora oficial da NBA e também da NASCAR.
Existe Coca-Cola de cereja, framboesa, limão, baunilha, lima, laranja, variando conforme as tradições de cada país.
Os refrigerantes mais vendidos do mundo são: Coca-Cola, Coca-Cola Diet, Sprite e Fanta. A Pepsi aparece em quinto lugar. Quatro, portanto, são da empresa mais valiosa do mundo.
No Brasil, a empresa é dona da Del Vale, Matte Leão, Kuat, Kapo, Burn, Powerade,Schweppes entre outros.
Em diversos estados dos EUA, a Coca-Cola é usada pela polícia rodoviária para retirar o sangue nas pistas depois de acidentes.
O ácido cítrico, ingrediente da Coca-Cola, pode tirar manchas de roupas e também ferrugens.
O ácido fosfórico, ingrediente ativo da Coca-Cola, tem pH 2,8 e pode dissolver um pedaço de unha em 4 dias.
Até o ano de 1915, a receita da Coca-Cola tinha pequenas porcentagens de cocaína.
A Coca-Cola chegou ao Brasil no ano de 1942. O líquido vinha embalado em barris, para ser engarrafado aqui.
Existe Coca-Cola vendida em lata de cor azul. E mais: no Brasil.
No Amazonas, durante o festival de Parintins, um evento que conta com mais de 100 mil visitantes a cada ano, no mês de junho, a latinha azul pode ser comprada. Caprichoso (azul) e Garantido (vermelho) disputam quem será o melhor bumba, daí se justifica a cor da lata, já que os adeptos de Caprichoso jamais utilizam algo da cor vermelha no evento.
A Coca-Cola é líder de vendas em quase todos os 206 países em que é comercializada, menos na Argentina e no Canadá, onde perde para a rival Pepsi.
Desinformando
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